Por todo Deuteronômio, vemos constantemente o chamado para se lembrar, recordar o que Deus tem feito.
Lembrar o que Deus havia feito por Israel era extremamente importante para que eles se lembrassem de quem eles eram, para se lembrarem do chamado de Deus, para que fossem luz ao mundo.
Lembrar também era importante para que eles não esquecessem que Deus está no controle, que podiam confiar.
Se lembrar do que Deus tem feito, é hoje tão importante quanto foi para Israel, porque, assim como Israel, nós também somos chamados para ser luz.
O cuidado de Deus
Assim como vimos nos últimos estudos dessa lição, o povo de Israel tinha uma tendência a se acostumar com os milagres de Deus. Viviam diariamente perante os milagres de Deus, mas eles se acostumaram, e essas grandes maravilhas passaram a ser algo comum, tão comum que esqueciam que Deus continuava no controle. Não é diferente conosco hoje.
Deus, conforme relatado em Genesis 9:8-17, colocou o arco-íris no céu como uma forma de lembrança, para nos lembrar do juízo que Deus fez sobre a terra em ocasião do dilúvio, e também para nos lembrar da aliança que Deus fez com todos nós, de que o mundo não seria mais destruído por dilúvio. Deus, através do arco-íris, pôs um sinal sobre essa aliança que ele fez conosco.
Entretanto, quando olhamos para um arco-íris hoje, achamos algo normal, algo do cotidiano, não percebemos nisso uma maravilha de Deus, o sinal da aliança, nós nos acostumamos com o milagre e esquecemos do cuidado de Deus.
Mas ainda assim Deus continua cuidando de nós, ainda assim o arco-íris continua aparecendo no céu.
Libertos para servir
Um dos feitos mais marcantes de Deus para o povo do Israel foi a libertação do Egito, onde Deus os tirou da “casa da servidão”, lhes dando liberdade para servir.
Quando estudamos Deuteronômio, vemos que o que Deus fez por Israel tinha um propósito, de que eles fossem luz para outras nações, de que guardassem os preceitos ordenados por Deus e assim serem exemplo.
O próprio ato de obedecer a Deus era uma benção em si, pois, conforme Deuteronômio 4:6-8, viveriam sobre estatutos e leis tão justas que não haviam iguais. A revelação de Deus, seus propósitos, leis e estatutos, eram as maiores bençãos que uma nação poderia querer. Deus os estava instruindo a como viver, os ensinando como serem felizes, como viver em harmonia. Conforme falamos em Que nação há tão grande?, através do viver diferenciado de Israel outras nações os admirariam e assim a luz de Deus alçaria a todos por meio de deles.
Tudo vem de Deus
Quando nos esquecemos de que tudo o que temos vem de Deus, podemos cair em duas armadilhas.
A primeira delas é nos sentirmos orgulhosos por nossas conquistas, nos esquecendo de que tudo que temos vem de Deus, passamos a acreditar que foi nossa força, inteligência e esforço que nos trouxe o que temos, que somos nós os responsáveis por essas conquistas.
O próprio ar que respiramos provém de Deus. Podemos sim desempenhar um papel nessas conquistas através das nossas boas escolhas, mas a própria oportunidade de escolher vem Dele.
A segunda armadilha está na falta de contentamento por aquilo que temos, quando esquecemos que tudo vem de Deus, muitas vezes podemos sentir que não temos aquilo que merecemos, que o mundo é “injusto”.
Tudo o que temos provém de Deus, em proporção e medida certa para que cresçamos e sejamos bençãos.
Quando recebemos bençãos, sejam elas intelectuais, físicas, emocionais ou financeiras, as recebemos para que as compartilhemos. Devemos nos lembrar que elas vieram de Deus, como uma oportunidade para que nós sejamos fonte de bençãos para outras pessoas.
Quando estamos em dificuldades, também devemos nos lembrar que Deus tem algo a nos ensinar nessa situação, mesmo quando as circunstâncias adversas são causadas por nossas próprias más escolhas; Deus ainda, em sua misericórdia, usa da circunstancia para nos ensinar, nos fazer crescer. Precisamos estar atentos aos Seus ensinos.
Ainda que não estejamos em uma situação de dificuldade ou necessidade, ainda assim, em uma sociedade materialista como vivemos, tendemos a querer mais, a acumular mais dinheiro, a querer uma casa maior, um melhor emprego, uma promoção.
Não há nada de errado em querer essas coisas, mas devemos nos lembrar que tudo vem de Deus, na medida e proporção certa. Talvez, não estejamos preparados para uma promoção, talvez uma maior renda e sucesso financeiro poderia nos levar cair na primeira armadilha, comentada acima – o orgulho pela conquista – ou talvez a complexidade que uma casa maior nos traria é tanta, que Deus, por amor a nós, não permite que à tenhamos. Enfim, podem ser tantos os motivos, mas o importante é nos lembrarmos que tudo que temos vem de Deus, em proporção e medida certa para nós.
É Deus quem dá ao homem o fôlego de vida. Nós não podemos originar nada; só podemos juntar aquilo que Deus originou. Ele é nosso guardador, nosso conselheiro; e mais que isso, de Seu liberal suprimento recebemos toda a aptidão, todo tato e habilidade que possuímos. … Tudo que possuís é dom dEle; pois vós nada possuíeis com que o pudésseis criar ou comprar. É dado a você, não para se tornar uma cunha que vos separe dEle, mas para te ajudar à fazer o Seu serviço.
Ellen White em Nos Lugares Celestiais (grifo nosso)
A maior dádiva
O chamado de Deus para Israel se lembrar está relacionado a todo o cuidado Dele para com o povo, mas o maior dos feitos de Deus para Israel, que Deus estava constantemente a lembrá-los, foi o êxodo, foi a libertação da Terra do Egito. Até hoje os judeus comemoram a libertação do Egito por meio da Páscoa.
Nós, cristãos, também temos um grande motivo para agradecer, algo que jamais devemos nos esquecer, que devemos nos lembrar diariamente, que foi a libertação do pecado pelo sangue de Jesus Cristo na cruz.
A vida e morte de Jesus foi a maior benção que poderíamos receber, por meio de Cristo fomos feitos filhos e filhas de Deus; recebemos esperança de vida; fomos feitos sacerdotes de Deus.
Conclusão
Devemos, assim como Israel, nos lembrar de tudo que Deus fez por nós até aqui, Seu cuidado e amor, de que tudo que temos vem Dele e que Ele está no controle. Mas acima de tudo, jamais podemos nos esquecer da cruz, de que Deus veio a esse mundo, viveu como um homem, sofreu, e venceu o pecado para que fossemos salvos, para que tivéssemos vida, vida em abundância.