Lei e graça

Por toda a bíblia vemos Deus a chamar o povo para seguir Suas leis e estatutos, entretanto esse não é um chamado para fazer algo impossível ou por suas próprias forças, mas a Lei são os estatutos de Deus que o povo deve seguir, mas o seguir de fato, só será possível com a ajuda de Deus, Ele os guiará e dará forças e condições para que possam, se assim o escolherem, servir a Deus.

Somos seres morais

Nós, assim como os anjos, fomos criados como seres morais, isso implica a existência de uma lei ou norma moral a ser seguida. Quando Lúcifer – o primeiro ser a se desviar de padrão moral – decidiu deixar de seguir essa Lei moral, o pecado então passou a existir. Até aquele dia, o pecado era apenas uma potência, quando Lúcifer usou de seu livre arbítrio e escolheu viver de forma diferente do padrão moral divinamente estabelecido, o pecado passou de uma potência a uma realidade, entretanto a nossa existência moral já existia, o padrão moral, a Lei, já existia, pois é algo divino e eterno, está diretamente relacionada com a natureza de Deus, e nós fomos criados como seres morais para sermos participantes dessa natureza.

Apenas a graça de Deus nos permite seguirmos Sua Lei

Ao nascermos em pecado e em rebelião contra o Céu, nossa força não é o suficiente para que sigamos o padrão moral para o qual fomos criados, pois vivemos em um mundo já em rebelião, somos criados para sermos rebeldes, nossas paixões são instigadas, desde o nosso nascimento, para se voltar contra o padrão moral divino, sozinhos temos dificuldade até mesmo de perceber o padrão moral que deveríamos seguir.

Mas a graça de Deus nos salva, Deus se dispõe, por meio de sua Graça, a nos da força e discernimento para vivermos segundo Seus estatutos, basta que O busquemos e entreguemos nossa vida a Ele, e Ele prontamente nos dará a força necessária.

Tudo que o homem possa fazer sem Cristo, está poluído de egoísmo e pecado. É unicamente a graça de Cristo, pela fé, que nos pode tornar santos.

Ellen White em Caminho a Cristo

A obediência à Deus é para nosso próprio bem

Seguirmos a Deus não é uma renúncia a quem nós somos, na verdade, é uma renúncia a quem pensamos que somos, uma renuncia ao que nos tornamos por termos sido criados nesse mundo em rebelião, é um reencontro com quem nós somos de verdade, é uma volta à nossas raízes, uma harmonização com os estatutos morais pelos quais nós nascemos para viver.

Quando olhamos para as Leis de Deus, vemos nelas um guia para vivermos uma boa vida, não apenas espiritualmente falando, o que Deus pede para nós abrange até mesmo nosso bem estar físico e emocional. Ao nos afastarmos do plano de Deus para nossa vida, acabamos adotando padrões destrutivos, que causam dor a nós e as pessoas ao redor; Deus por seu infinito amor nos chama de volta, a vivermos o que ele planejou, para que não mais soframos com nossa má conduta.

A Lei e a Graça trás liberdade

Assim como Deus, mediante sua Graça, libertou o povo de Israel do Egito, da terra de escravidão, para que eles pudessem novamente viver segundo o padrão moral para o qual foram criados e assim serem um exemplo para todas as nações da Terra, o mesmo ocorre com conosco hoje. Vivemos escravos de nossas próprias paixões, vícios, orgulho, ambições; nós perdemos o controle de nossa vida, pois nossas decisões são tomadas em cima de nossos próprios vícios. Mas Deus está pronto a nos libertar, a remover as correntes que nos tem prendido e nos dar a liberdade para vivermos uma vida segundo nossa própria natureza moral, uma vida santificada.

Quais são os Egitos da sua vida? Quais as grandes libertações que Deus já fez por você? De quais “casas de servidão” o Senhor te libertou? O Egito de nossas vidas podem ser situações adversas, realidades das quais não conseguiríamos nos livrar sozinhos, pecados acariciados, orgulho, enfim, qual foi o Egito do qual Deus o libertou? Quão fácil é esquecer dessas libertações de Deus e pensar que sempre estivemos nesse estado de liberdade, estado esse conquistado pelo próprio Deus para que sejamos Seus filhos e filhas e que brilhemos Sua Luz.

Conclusão

Assim como à Israel, Deus tem nos chamado a voltarmos, a voltarmos a ser quem realmente nascemos para ser, a vivermos os padrões morais para o qual fomos criados e assim sermos filhos e filhas de Deus, a sermos participantes da natureza divina. Deus por meio de Sua Graça nos dará a força, nos resgatará dos Egitos da nossa vida. O que precisamos fazer é escolher se entregar, é permitir que Sua Graça seja viva em nossa vida, se fizermos isso, veremos a transformação acontecer, veremos os mares vermelhos de nossa vida serem abertos e os Egitos ficarem para trás, veremos a libertação e poderemos brilhar a Luz que vem de Deus para que mais pessoas possam também aceitar essa liberdade que vem por meio da Graça.

Que nação há tão grande?

Quando olhamos para Deuteronômio, vemos Deus lembrando o povo de seu cuidado e proteção, de como os tirou do Egito, como os sustentou no deserto, não deixando nem que suas roupas envelhecessem, mas além de lembrá-los das bençãos, vemos Deus também os alertando que não se esqueçam Quem fez tudo isso por eles, para que não se afastem dos estatutos que Ele havia dado.

O povo de Israel foi escolhido por Deus para ser luz, para levar Deus a outros povos, então, se Israel não se lembrasse de quem Deus foi para Eles, e não guardassem os mandamentos que Deus os deu, eles deixariam de ser luz e assim o mundo ficaria em completa trevas, perdido em confusão, talvez algo bem parecido com o mundo antes do dilúvio. Se Israel deixasse de ser luz, o mundo estaria sem esperança.

Quando olho para nossos dias enxergo a mesma situação, Deus constantemente cuidando de nós, nos guiando e guardando para que sejamos luz, para que através das bençãos de Deus em nossa vida outros possam também ver a Deus.

Cuidado de Deus com o Povo

Israel convivia diariamente com os milagres de Deus, diariamente eles recebiam o maná, em 40 anos no deserto a roupa deles não estragavam. Eles estavam no deserto, mas mesmo assim “nunca ficaram com os pés inchados” (o que indicaria desidratação e insolação).

Imagina, viver em meio a todos esses milagres diários, que benção seria, não? O ponto é que hoje em dia também vivemos diariamente milagres diários. Certo que não recebemos o maná do céu, ok, mas e a saúde, seja ela física ou mental, que nos permite trabalhar e assim conseguirmos nos sustentar? Mesmo aqueles que não trabalham, essas bençãos chegam a nós passando por aqueles que hoje nos têm sustentado. Deus continua cuidando de nós e operando milagres diários da mesma forma, o ponto é que nos acostumamos com a benção.

Cada momento de nossa vida temos sido participantes das bênçãos de sua graça, e por esta mesma razão não podemos compreender plenamente as profundezas da ignorância e miséria das quais fomos salvos.

Ellen White em Caminho a Cristo

Ou seja, as vezes justamente por sermos tão abençoados que deixamos de perceber essas bençãos.

É super importante se lembrar desse cuidado, pois em momentos difíceis iremos lembrar que Deus continua no controle e que Ele está atuando muito além do momento presente, o trabalho de Deus é para a eternidade.

Se desviar dos planos de Deus, traz consequências

No texto chave dessa semana, Deuteronômio 8, vemos Deus advertindo o povo a não se esquecerem Dele e nem se desviarem dos seus mandamentos, quando lemos isso tendemos muito a pensar como “retiradas” dos mandamentos de Deus, no sentido de deixar de fazer o que Deus mandou, mas quando lemos o início do capitulo 4, Deus deixa explícito que não devemos, além de não retirar, acrescentar nada a lei de Deus, pois os estatutos de Deus são perfeitos e imutáveis.

Muitas vezes tendemos a moldar a “deus” segundo nossas próprias vontades e paixões, fazendo coisas em “nome de Deus”, o problema de quando fazemos isso é que deixamos de seguir o Deus bíblico, único e verdadeiro, e começamos a seguir um deus criado por nós mesmo. Quando olhamos para história, vemos muitos desses deuses criados se passando pelo verdadeiro Deus, um exemplo mais marcante é o “deus” pelo qual o próprio Jesus foi morto.

Quando nos desviamos dos planos de Deus, deixamos de viver o ideal de Deus, e isso traz consequências, pois passamos a viver segundo nossas próprias vontades, que são falhas, cometemos erros que trazem dor para nós e para as pessoas ao redor. Imagine como seria se Israel tivesse sido a nação que Deus queria que eles fossem, se eles não tivessem se afastado dos estatutos de Deus e tivessem permitido Deus operar Seu plano neles. Extrapolando ainda mais, imagine se Adão e Eva não tivessem se rebelado, quanto sofrimento e dor teriam sido poupados?

Chamado para testemunhar

Deus guardou o povo de Israel, e os abençoou, pois tinha um plano para eles, de que fossem suas testemunhas, que levassem luz para o mundo, mas só seriam luz se guardassem os mandamentos de Deus, só assim haveria esperança para os outros povos.

Sua obediência à lei de Deus os tornaria uma maravilha de prosperidade ante as nações do mundo. Ele que lhes podia dar sabedoria e perícia em todo artifício, continuaria a ser seu mestre, e os enobreceria e elevaria pela obediência a Suas leis. Se fossem obedientes seriam preservados das enfermidades que afligiam outras nações, e abençoados com vigor intelectual. A glória de Deus, Sua majestade e poder deveriam ser revelados em toda a sua prosperidade. Deveriam ser um reino de sacerdotes e príncipes. Deus lhes proveu toda a possibilidade de se tornarem a maior nação da Terra.

Ellen White em Parábolas de Jesus

Quando olhamos para nossa vida, para as bençãos recebidas, precisamos perceber que isso foi nos dado por um propósito, precisamos ser luz, o mundo precisa de esperança e nós precisamos deixar nossa luz brilhar, precisamos salgar essa terra. É nosso dever como filhos e filhas de Deus viver esse amor para que outros também o possam viver.

Deus dará a força para vencer

Deus não nos dá uma tarefa impossível de ser feita, Deus nos chama para testemunhar, mas se coloca prontamente a nos dar a força necessária para vencer.

O que nós precisamos fazer é buscarmos essa força, através da oração, do estudo, da comunhão; estaremos aptos a vencer. Como diz 1 Coríntios 10:13, não seremos tentados naquilo que não podemos vencer.

O problema é que muitas vezes nós não queremos vencer, nós escolhemos proativamente sermos fracos. Bem lá no nosso intimo falamos “Vou parar de orar porque se eu continuar orando vou vencer essa tentação”. Nós escolhemos cair.

Mediante o conveniente exercício da vontade, pode operar-se em vossa vida uma mudança completa.

Ellen White em Caminho a Cristo

Deus nos dará a força, basta escolhermos, mediante nossa vontade, se render a Ele.

Ser luz é uma benção, mas também é um dever

O cuidado de Deus, o propósito de Deus em fazer Israel uma grande nação era para que eles fossem bençãos para todos os povos da terra.

Conosco é o mesmo, as bençãos de Deus não são apenas para nos engrandecer, mas para que sejamos bençãos.

Vivemos em um momento complicado da história, as pessoas estão confusas, hoje é difícil saber o que é certo e o que é errado, o que é justo e o que é injusto, o que é bom e o que não é. Se nós não brilharmos, as pessoas que estão ao nosso redor terão de passar a vida nessa escuridão, não conseguirão enxergar. Se não brilharmos, o mundo continuará a viver nas sombras, assim como no mito da caverna de Platão.

Devemos viver os preceitos de Deus para sermos luz

Só seremos luz se vivermos os preceitos de Deus, se vivermos sob a luz que Deus tem nos dados, se vivermos as bençãos que temos recebido.

Assim como Israel, se a igreja não viver os propósitos de Deus, perderemos nossa razão de ser. Se não vivermos a fé que professamos, não brilharemos, seremos sal, porém sem gosto.

Nós somos a igreja da promessa, a igreja da profecia, mas precisamos viver essa promessa, ou então, assim como Israel, deixaremos de viver o sonho que Deus sonhou para nós.

Conclusão

Em um mundo confuso como o nosso, Deus ainda assim tem nos guardado, nos abençoado, nos dado clareza e revelado seus propósitos em nossa vida; mas nós precisamos fazer nossa parte, precisamos brilhar, deixar a luz de Deus ser refletida em nós, precisamos compartilhar o que sabemos, precisamos viver o que sabemos, precisamos ser luz, individualmente, e também como igreja. Precisamos brilhar!