Quando eu leio livros de aventura como O Hobbit e Senhor dos Anéis do Tolkien, ou até aventuras mais antigas como a dos Argonautas, ao ver os heróis passando por situações difíceis, caminhando por longos períodos, debaixo de chuva e de sol, andando em meio a alta vegetação, na lama, sobre montanhas, enfrentando privações de água e comida; fico imaginando o desconforto deles.
Geralmente lemos essas histórias no conforto da nossa casa, em um dia frio, porém aquecidos por nossos cobertores, sentados em nossas poltronas. Por vezes me pego imaginando quão difícil seria se fosse eu que estivesse caminhando lá fora, na chuva, sujo e cansado; consigo sentir um pouquinho do desconforto da situação.
Para mim é um alívio quando chegam em um momento da jornada em que, já exauridos de todo o vigor físico e mental, encontram uma casa amiga, um lugar onde são bem recebidos e alimentados, onde encontram água quente para poderem se limpar, tirar a roupa molhada e terem um momento de paz e tranquilidade, um momento em que encontram descanso para seus pés cansados e comida para seus corpos famintos. Se para mim – o leitor – que se encontra em uma situação confortável, é um alívio, quanto mais para esses aventureiros ?
Nessas histórias, essa hospitalidade de uma casa amiga, geralmente aparece no momento em que os viajantes mais precisam, onde seus suprimentos já acabaram a dias; e quão trágico seria se nesse momento eles não encontrassem esse porto seguro, se não encontrassem essa casa onde podem recarregar suas energias para continuar sua jornada.
Consigo ver um paralelo dessa situação e a vida propriamente dita. Há diversas pessoas que estão cansadas em sua jornada, com os pés doloridos de tanto andar, sem “água e comida” a muitos dias, totalmente sobrecarregados com as dificuldades dessa jornada que chamamos vida. Essas pessoas, assim como os aventureiros das histórias, precisam urgentemente de um lugar hospitaleiro, uma palavra de conforto para curar seus corações feridos, um conselho encorajador para repousarem suas esperanças. Precisam recarregar suas energias e também de suprimentos para continuarem sua jornada, em algumas das vezes o que precisam é de companhia para caminhar com eles por algumas milhas, sendo auxílio na necessidade.
Assim como nessas histórias seria trágico se os viajantes não encontrassem um lugar onde pudessem se recuperar da difícil jornada, também será trágico se na jornada da vida, as pessoas que estão necessitando de descanso não encontrarem um conforto no momento que precisam.
Entretanto, assim como nos contos, a hospitalidade só poderá vir de pessoas que estão preparadas para isso, de pessoas que possuem “alimento e água”, que possuam uma casa que possa abrir e dar um pouco de conforto para os viajantes. Pessoas que estão preparadas, que buscam suprir sua vida com palavras de sabedoria, de amor, de carinho; que conseguirão dar ânimo para os caminhantes cansados deste mundo.
Por esse motivo é importante, diariamente, buscarmos crescer como seres humanos, buscarmos aprender, sermos mais amorosos, humildes, caridosos, para que ao encontrar uma alma cansada possamos ser abrigo, possamos trazer alento para seus corações.
Coloquemos então o desejo no nosso coração de ser essa casa amiga para os viajantes desta vida, que sejamos “comida e água quente (para se lavarem)” para que se recuperem da difícil jornada.