A vida comum

A grandeza está no coração do homem, buscamos a grandeza, queremos viver uma grande vida, vivemos apenas uma vez e queremos que essa seja a melhor vida que pudermos viver.

Essa ideia de grandeza, também tem estado a muito tempo em minha mente, venho buscado ser o “melhor” que eu posso, em querer conquistar coisas que me farão grande, em me destacar, em não viver uma vida “comum”.

Mas assistindo alguns filmes como About Time e Yesterday, passei a refletir sobre esse enfoque da vida comum, de que muitas vezes uma vida “ordinária” é a vida mais fantástica que podemos viver.

O que constitui uma vida “grande” e uma vida “ordinária”?

Algo grande se diferencia de algo ordinário pelo fato de não ser algo comum, de ser especial, de algo que o diferencia das outras, que não é facilmente substituído, que possui um valor sem igual, um valor único.

Olhando por esse ponto de vista, podemos afirmar que todas as vidas são grandes, que não há vidas ordinárias, pois cada vida conterá sua própria parcela de individualidade. Cada um veio de lugares diferentes e com histórias diferentes, o que faz com que todas as vidas sejam únicas.

Mas para que consigamos continuar em nossa reflexão, vamos dizer que uma vida ordinária seja aquela que a maioria poderia viver, sem destaque. O problema com essa abordagem é que o que conseguimos perceber como destaque, sempre estará relacionado a fatores externos ao próprio ato de viver, julgaremos aquilo que conseguimos ver, e muitas vezes iremos usar as medidas erradas para medir a grandeza da vida.

Por muito tempo nós julgamos como uma pessoa de destaque aquelas as quais possui uma boa notoriedade pública, fama; e aquelas que possui posses financeiras, pessoas ricas. Esses são parâmetros quantitativos, e por isso são mais “fáceis” de avaliar, o problema é que nós já sabemos – através de muitos exemplos – de esses não são bons parâmetros para se julgar uma “grande vida”, pois muitas pessoas com fama e bens materiais muitas vezes vivem uma vida “miserável”, no sentido de uma vida triste, solitária, deprimente. Então, por mais que tais pessoas conseguiram grandes realizações, não me parecem estar vivendo uma grande vida, no sentido que falamos acima, de ser a melhor vida que podemos viver.

Quando olhamos para a filosofia clássica grega, e seu estudo da ética (ética no sentido original da palavra, que seria algo como “a arte de viver”), vemos parâmetros bem diferentes para determinar o que seria a boa vida.

Naquela época já era o senso comum buscar a grandeza na fama (ou honra) e posses financeiras, entretanto para os filósofos esses não pareciam bons parâmetros para se julgar uma “boa” vida.

Para os filósofos como Aristóteles, Platão e Sócrates, a boa vida seria aquela vivida virtuosamente, aquela em que se abria mão de prazeres vulgares para desenvolver virtudes, uma vida guiada pela razão e não pela emoção/prazeres.

Definir a própria grandeza

Como falamos acima, a busca da grandeza faz parte do ser humano, queremos viver nossa vida da melhor maneira que pudermos. O problema é que se não tivermos clareza no que realmente queremos como pessoas, vamos acabar interpretando como grandeza as qualidades quantitativas externas, que serão mais fáceis de julgar, como riqueza e fama.

Ao não ter claro o que significa a grandeza para nós, o que realmente queremos como pessoa, entraremos na ansiedade do materialismo, sempre querendo mais e mais, nunca estando satisfeitos, e sempre pensando que com a próxima conquista, seja ela uma promoção, um melhor físico, uma casa, ou até uma ilha, nós nos sentiremos felizes, realizados, nos sentiremos grandes.

Mas a verdade é que nenhuma conquista nos trará realização se ela não estiver alinhada com nosso senso mais íntimo e pessoal do que é a grandeza para nós, aquilo que aquece nossos corações.

A grandeza na vida comum

Assim como há muitas pessoas ricas e famosas que não são grandes, há muitas pessoas que são grandes, mas sem terem alcançado fama e riqueza, são pessoas que atingiram a excelência como pais, como pensadores independentes, pessoas que são excelentes em apoiar outras pessoas com problemas, pessoas que aprenderam lidar com as adversidades da vida e tirar o melhor que podem de cada uma delas, enfim, a vida é tão complexa e há inúmeras maneiras de se desenvolver e alcançar a grandeza.
Muitas vezes, não há fama ou riqueza por trás dessas conquistas, mas há mais do que isso, há o pertencimento, o contentamento, há a felicidade.

Conclusão

O que é grandeza para você? Que áreas da sua vida você vê oportunidades para masterizar? Você quer ser um melhor pai, uma melhor mãe? Quer ser um bom amigo com uma boa inteligência emocional e palavras de conforto para quem precisa? Quer conquistar a liderança de sua família e levá-los a desenvolverem a grandeza individual de cada um? Enfim, não importa qual seja a grandeza que esteja buscando, o importante é perceber que o sucesso é individual, ele pode ou não estar relacionado com visibilidade externa. O mais importante é não tomarmos os sonhos de outros, os sonhos das massas, como nossos.

Somos únicos, nossa grandeza é única, e não só pode como há sim grandeza na vida “comum”!

Convertam o seu coração

Eu entendia o arrependimento, biblicamente falando, como o entristecimento pelo ato falho que cometemos, muitas vezes eu me sentia incomodado pois nem sempre eu me entristecia da maneira que achava que eu deveria, hoje vejo a questão do arrependimento um pouco diferente e gostaria de compartilhar com vocês.

Analogia com uma viagem de carro

Quando estamos em uma viagem, dirigindo em direção a um lugar, e percebemos que nos perdemos em algum ponto do caminho, nós nos sentimos chateados, principalmente quando percebemos que o desvio do percurso foi muito grande, pois nós sabemos que se continuarmos naquele caminho não iremos chegar onde queríamos, esse desvio está nos levando para um outro lugar.

Entretanto, quando estamos dirigindo, o mais importante não é o sentimento de chateação por ter errado o caminho, o mais importante é perceber que estamos no caminho errado e voltar para o caminho correto, o caminho que nos levará ao nosso destino.

Mudança de percurso

No cristianismo é a mesma coisa, nós temos, como cristãos, um ideal a se seguir, o ideal de Cristo, queremos cada dia sermos mais parecidos com Ele, ou seja, temos um destino bem claro.

Quando pecamos nós nos distanciamos desse destino; o pecado é, usando a analogia acima, pegar o caminho errado, o caminho que não nos levará em direção a Cristo.

Quando percebermos o nosso desvio de caminho, nos sentiremos chateados, pois assim como na analogia do carro, percebemos que o caminho que tomamos não nos levará onde queremos. Mas, também como na analogia do carro, o mais importante é percebermos nosso erro e fazermos os ajustes necessários para voltar para o caminho, isso é arrependimento, redirecionar o percurso.

Focar muito no sentimentalismo do arrependimento pode ser perigoso, pois o pecado cometido já não tem mais volta, teremos que conviver com suas consequências. O importante nesse momento é aprender com essa queda e fazer os ajustes necessários em nossa vida para não cairmos mais. Seja esse ajuste aumentar nossa comunhão com Deus, seja remover alguma distração de nossa vida, seja mudar nossa rotina, seja deixar de ver uma pessoa, enfim, cada um terá os próprios ajustes, mas o importante é fazê-los, para que a queda de hoje nos ajude a não cairmos amanhã.

Não estou dizendo que a tristeza por ter pecado é irrelevante, não, ela é importante. Ao percebermos o nosso erro e quão sujo o pecado é, nós naturalmente nos entristeceremos, e essa tristeza nos ajudará a fazermos os ajustes necessário. O meu ponto é que o foco excessivo no sentimentalismo pode nos fazer esquecer que o importante é a mudança, é voltar para o caminho correto.

Reconhecer o erro

Para que haja o arrependimento nós precisamos reconhecer nossos erros, e muitas vezes estamos em uma situação tão complexa na qual não entendemos que nos perdemos em nosso caminho, que saímos do percurso original.

Por esse motivo é importante refletirmos constantemente em que tipo de pessoa temos sido e como isso se assemelha com Cristo, que é nosso ideal. Essa tem de ser uma reflexão profunda e sincera, para que não acabemos como os fariseus da época de Jesus, que acreditando estarem servindo a Deus, só estavam alimentando o orgulho de seus corações com seu legalismo. Estavam em uma estrada bem diferente daquela que leva a Deus, tanto que repudiaram Seus ensinos na pessoa de Jesus Cristo.

Conclusão

Assim como em uma viagem, não é produtivo focarmos em quão longe ou quão perto estamos do nosso destino, mas sim se estamos no caminho certo. Às vezes ficamos ansiosos para chegarmos em nosso destino, isso é normal, mas temos sempre de lembrar que o importante é estarmos seguindo a estrada certa, só assim chegaremos no destino.

Se estivermos caminhando diariamente no caminho certo e na velocidade ideal, com toda certeza chegaremos ao nosso destino (o caráter de Cristo), nem que isso seja após Sua volta.

O que somos nós?

Na filosofia racionalista há uma clara distinção entre a matéria e a ideia (que também podemos chamar de alma), argumentando que o mundo material é transitório, enquanto o mundo das ideias seria atemporal. A razão seria então a fonte primária do conhecimento, pois só por meio dela que conseguimos acessar o mundo das ideias e conhecer o que é real, pois só o mundo das ideias é eterno.
A filosofia racionalista defende que o conhecimento é inato do ser humano, teoria abordada por Platão em seu diálogo Ménon.

Já a filosofia empírica defende que todos nós nascemos como uma folha em branco, e todo o conhecimento adquirido está relacionado às experiências sensórias que vivemos, ou seja, só podemos saber aquilo que experienciamos.

Na visão empírica, a realidade é coextensiva com o que pode ser experimentado.

Bertrand Russel em História do Pensamento Ocidental

Locke

Locke aborda o conhecimento empírico com sua relação com o mundo real, onde um conhecimento só é considerado verdadeiro se conseguirmos encontrar correspondência nas experiências sensórias.

Locke também levanta a questão se o mundo é realmente do jeito que o percebemos, ou seja, para ele há uma distinção entre o que é percebido pelos nossos sentidos e o que de fato é a realidade exterior que nos rodeia. É nesse ponto que ele traz a diferenciação entre as qualidades sensórias primárias e secundárias, onde as primárias se refere a características como comprimento, forma, quantidade, etc, que são consideradas como características exatas; já as qualidades sensórias secundárias seriam características, digamos que discutíveis, como a cor, aroma, gosto, etc.

Assim como na filosofia racionalista, Locke também afirma a existência de um mundo material.

Berkeley

Berkeley vai além em seu empirismo, afirmando que as coisas são exatamente da maneira que as sentimos, e questiona a realidade de um mundo material. Para Berkeley ser é ser percebido, portanto não faz sentido falar de experiências não experimentadas.

Quando interpretarmos o mundo material como realidade, poderíamos dizer que ao encostar em uma parede nós estamos interagindo com o mundo real, o mundo material, mas Berkeley argumenta que essa seria uma conclusão precipitada, pois as coisas que sentimos não são tangíveis, não temos nenhuma experiência a qual sustente que aquilo que sentimos possui uma substância material por trás de si.

Ao interagirmos com a parede, nós experimentamos a sensação do toque mas não experienciamos a matéria propriamente dita da parede, e como para o empirismo o conhecimento provém de nossas experiências, não podemos afirmar que há uma matéria por trás da sensação do toque.

Assim como em um sonho podemos tocar em uma parede e sentir a sensação do toque, ainda assim ela não possui uma substância material por trás de si. Nós percebemos a sensação, não a matéria.

Para Berkeley a única coisa que podemos afirmar é a existência do mundo das ideias, e não do mundo material. Ele questiona se somos realmente pessoas de carne e osso ou se tudo aquilo que nos rodeia não passa apenas de consciência.

Hume

Hume dá um passo além, questionando o próprio conceito do eu.

Para Hume há dois tipos diferentes de raciocínio, que são as impressões e as ideias. As Impressões seriam nossa percepção imediata da realidade, já as ideias seriam a lembrança que temos dessas impressões.
Segundo ele, às vezes formamos ideias sem que elas tenham correspondência na realidade, pegando partes de impressões diferentes e colocando todas juntas formando uma ideia irreal.

Para Hume o que chamamos de eu, ou personalidade, “nada mais é além de um acervo ou uma coleção de diferentes percepções, que se sucedem umas às outras numa rapidez inconcebível e se acham num estado de perpétuo fluxo ou movimento”, ou seja, quando dizemos “eu sou assim”, estamos pegando uma série de impressões que vivemos ao longo da vida e as colocando todas juntas, formando assim a ideia do eu, que para Hume seria um exemplo de ideia irreal.

E agora? ?

Ao olhar para o eu apenas como um conjunto de impressões, um conjunto de experiências sensoriais, uma primeira pergunta que me vem à mente é o que me impulsiona a querer viver essas experiências? O que me impulsiona a buscar entender o que eu sou? O que me impulsiona a buscar entender a natureza do próprio conhecimento?

A segunda pergunta que me faço é que se a realidade é aquilo que experimento, como saber se o que experimento é real ou se é apenas um sonho?
Pois relacionar a realidade com o que experimentamos é o mesmo que afirmar que quando estamos dormindo, e vivendo experiências em nossos sonhos, o sonho se torna nossa realidade.

Precisa haver uma realidade que exista independentemente de ser experienciada por mim ou não, e essa realidade precisa ser eterna, pois do nada nada pode surgir, então precisa ser uma realidade que existe a despeito de mim e que continuará existindo se eu estiver aqui ou não para percebe-la.

Mas ainda fica a questão de o que seria o eu na minha afirmação acima.

Concordo com Hume no sentido de que não existe uma personalidade imutável, que minha personalidade, gostos e paixões de hoje são diferentes do que eram a 5 anos atrás e serão diferentes daqui a 5 anos, entretanto não vejo essa constante mudança como um argumento contra o eu, na verdade é uma característica do ser, a mudança. A essência do ser humano é esse crescimento.

Me apoio na ilustre frase de Descartes, “penso, logo existo”.
O eu não é minha personalidade atual, o eu é minha consciência, é o que me faz questionar a própria natureza da realidade, é o que me faz buscar compreender o que acontece a minha volta, é o que me faz refletir, ou usando a mesma palavra que Descartes, é o que me faz pensar, é o que me diferencia da mais avançada Inteligência Artificial que pudermos desenvolver.

Hospitalidade para os viajantes cansados

Quando eu leio livros de aventura como O Hobbit e Senhor dos Anéis do Tolkien, ou até aventuras mais antigas como a dos Argonautas, ao ver os heróis passando por situações difíceis, caminhando por longos períodos, debaixo de chuva e de sol, andando em meio a alta vegetação, na lama, sobre montanhas, enfrentando privações de água e comida; fico imaginando o desconforto deles.

Geralmente lemos essas histórias no conforto da nossa casa, em um dia frio, porém aquecidos por nossos cobertores, sentados em nossas poltronas. Por vezes me pego imaginando quão difícil seria se fosse eu que estivesse caminhando lá fora, na chuva, sujo e cansado; consigo sentir um pouquinho do desconforto da situação.

Para mim é um alívio quando chegam em um momento da jornada em que, já exauridos de todo o vigor físico e mental, encontram uma casa amiga, um lugar onde são bem recebidos e alimentados, onde encontram água quente para poderem se limpar, tirar a roupa molhada e terem um momento de paz e tranquilidade, um momento em que encontram descanso para seus pés cansados e comida para seus corpos famintos. Se para mim – o leitor – que se encontra em uma situação confortável, é um alívio, quanto mais para esses aventureiros ?

Nessas histórias, essa hospitalidade de uma casa amiga, geralmente aparece no momento em que os viajantes mais precisam, onde seus suprimentos já acabaram a dias; e quão trágico seria se nesse momento eles não encontrassem esse porto seguro, se não encontrassem essa casa onde podem recarregar suas energias para continuar sua jornada.

Consigo ver um paralelo dessa situação e a vida propriamente dita. Há diversas pessoas que estão cansadas em sua jornada, com os pés doloridos de tanto andar, sem “água e comida” a muitos dias, totalmente sobrecarregados com as dificuldades dessa jornada que chamamos vida. Essas pessoas, assim como os aventureiros das histórias, precisam urgentemente de um lugar hospitaleiro, uma palavra de conforto para curar seus corações feridos, um conselho encorajador para repousarem suas esperanças. Precisam recarregar suas energias e também de suprimentos para continuarem sua jornada, em algumas das vezes o que precisam é de companhia para caminhar com eles por algumas milhas, sendo auxílio na necessidade.

Assim como nessas histórias seria trágico se os viajantes não encontrassem um lugar onde pudessem se recuperar da difícil jornada, também será trágico se na jornada da vida, as pessoas que estão necessitando de descanso não encontrarem um conforto no momento que precisam.

Entretanto, assim como nos contos, a hospitalidade só poderá vir de pessoas que estão preparadas para isso, de pessoas que possuem “alimento e água”, que possuam uma casa que possa abrir e dar um pouco de conforto para os viajantes. Pessoas que estão preparadas, que buscam suprir sua vida com palavras de sabedoria, de amor, de carinho; que conseguirão dar ânimo para os caminhantes cansados deste mundo.

Por esse motivo é importante, diariamente, buscarmos crescer como seres humanos, buscarmos aprender, sermos mais amorosos, humildes, caridosos, para que ao encontrar uma alma cansada possamos ser abrigo, possamos trazer alento para seus corações.

Coloquemos então o desejo no nosso coração de ser essa casa amiga para os viajantes desta vida, que sejamos “comida e água quente (para se lavarem)” para que se recuperem da difícil jornada.

Escolham a vida

A aliança entre Deus e Israel era baseada na adoração, Israel era a única nação que adorava o Deus verdadeiro. Deus estava sempre a alertá-los a não se desviarem e nem adorarem outros deuses.

Quando olhamos para o contexto daquela época, vemos que essa adoração a outros deuses estava baseada na busca de prosperidade e riquezas, esperavam que alcançando o favor desses deuses, feitos por mãos humanas, encontrariam o que precisavam.

Trazendo para o nosso contexto, consigo ver um paralelo entre o que buscamos hoje. Hoje não é muito comum pessoas adorando outros deuses buscando chuva, uma melhor colheita e etc, mas o que mais temos buscado nos dias de hoje, que acredito que em resumo era o que as pessoas da época de Israel também buscavam, é a felicidade; hoje queremos ser felizes e estamos sempre à buscar a tão sonhada felicidade.

Deus sabe o que é melhor

Deus sabia o que era melhor para o povo de Israel e estava presente para suprir suas necessidades, como Israel tinha uma tendência a esquecer dos Seus cuidados e maravilhas, Ele estava sempre a lembrá-los de tudo o que já tinha feito por eles, e de todas as promessas que ainda iria cumprir, os lembrando da grandeza dos sonhos que havia sonhado para eles.

Quando Deus pedia para eles não se desviarem de Seus estatutos e nem adorarem outros deuses, Ele sabia o que era melhor para Israel, sabia que esses deuses feitos de madeira, pedra e metal não iriam trazer aquilo que eles procuravam, muito pelo contrário, as práticas realizadas em “adoração” a esses deuses eram destrutivas e imorais, portanto Deus os alertava para que não se envolvessem nessas práticas, pois só encontrariam morte, mal e maldições.

O mesmo se dá conosco hoje, ouvir a voz de Deus e seguir seus mandamentos não significa uma vida sem graça e sem alegria, muito pelo contrário, só seguindo as orientações que Deus deixou para que vivamos uma boa vida que poderemos encontrar a verdadeira felicidade.

Prazer e felicidade

Nós temos a tendência de correlacionar a felicidade com o prazer, pensamos que quanto mais prazer sintamos, mais feliz seremos, então buscamos todo o tipo de atividades que nos estimulará prazeres.

Entretanto essa é não é uma boa correlação, diversos estudos sobre a felicidade apontam que a felicidade não está relacionada aos estímulos do prazer, mas está mais relacionada a se ter um propósito e relacionamentos saudáveis. Quando dizemos que riqueza e fama não trazem felicidade, é uma verdade que conta com suporte científico, pois riquezas e fama podem sim nos trazer prazeres, mas não poderão, por si só, nos trazer propósito e nem construir relacionamentos saudáveis, isso cabe a nós.

Esse erro, em correlacionar a felicidade com o prazer, não é algo novo, os filósofos gregos já advertiam sobre esse perigo, sempre alertando que uma vida virtuosa seria mais feliz que uma baseada nos prazeres, mesmo que as crenças populares digam o contrário.

A adoração nos dias de hoje

Atualmente, ao buscarmos a felicidade, estamos caindo na mesma armadilha que Israel, adorando outros “deuses” pensando que assim conseguiremos o que queremos. Ao nos desviar dos padrões morais de Deus para “sermos felizes”, estamos fazendo exatamente o que Israel fez ao se afastar de Deus para adorar outros deuses, estamos buscando a felicidade em lugares onde só há dor e desespero.

Nossa existência ainda é determinada pela adoração, sobre qual tem sido o nosso deus. Hoje a adoração a Baal não é algo comum, mas temos adorado a outros deuses buscando a felicidade. Nós nos afastamos dos estatutos de Deus para adorarmos os deuses da luxúria, da preguiça, da inveja, da intelectualidade, enfim, são muitos os “deuses” da modernidade.

Temos buscado a felicidade em uma vida desregrada, baseada na satisfação do prazer, do ego, do orgulho, mas assim como Israel não encontrou o que buscava nos deuses de madeira, pedra e metal, nós também não iremos encontrar nesses novos deuses.

Conclusão

Parece muito chato dizer que a vida feliz será aquela vida equilibrada, onde cultivemos hábitos saudáveis, bons relacionamentos, disciplina e etc. Nos parece muito mais interessante uma vida cheia de estímulos, viagens, sexo, festas, fama, (chocolates rs), mas estamos enganados, esses estímulos trarão sim uma euforia momentânea, mas isso não é felicidade, é algo passageiro.

Quando vivemos uma vida de excessos, buscando assim sermos felizes, acabamos vivendo uma vida destrutiva, física e emocionalmente, enfraquecendo nossas relações, vivendo uma vida fútil, sem relações duradouras e sem um propósito de viver, ou seja, ao buscarmos tão cegamente a felicidade, só encontraremos o desespero de uma vida sem propósito.

A felicidade não pode ser o sentido da vida! A felicidade virá apenas quando estivermos caminhando em direção a propósitos mais elevados.

Lei e graça

Por toda a bíblia vemos Deus a chamar o povo para seguir Suas leis e estatutos, entretanto esse não é um chamado para fazer algo impossível ou por suas próprias forças, mas a Lei são os estatutos de Deus que o povo deve seguir, mas o seguir de fato, só será possível com a ajuda de Deus, Ele os guiará e dará forças e condições para que possam, se assim o escolherem, servir a Deus.

Somos seres morais

Nós, assim como os anjos, fomos criados como seres morais, isso implica a existência de uma lei ou norma moral a ser seguida. Quando Lúcifer – o primeiro ser a se desviar de padrão moral – decidiu deixar de seguir essa Lei moral, o pecado então passou a existir. Até aquele dia, o pecado era apenas uma potência, quando Lúcifer usou de seu livre arbítrio e escolheu viver de forma diferente do padrão moral divinamente estabelecido, o pecado passou de uma potência a uma realidade, entretanto a nossa existência moral já existia, o padrão moral, a Lei, já existia, pois é algo divino e eterno, está diretamente relacionada com a natureza de Deus, e nós fomos criados como seres morais para sermos participantes dessa natureza.

Apenas a graça de Deus nos permite seguirmos Sua Lei

Ao nascermos em pecado e em rebelião contra o Céu, nossa força não é o suficiente para que sigamos o padrão moral para o qual fomos criados, pois vivemos em um mundo já em rebelião, somos criados para sermos rebeldes, nossas paixões são instigadas, desde o nosso nascimento, para se voltar contra o padrão moral divino, sozinhos temos dificuldade até mesmo de perceber o padrão moral que deveríamos seguir.

Mas a graça de Deus nos salva, Deus se dispõe, por meio de sua Graça, a nos da força e discernimento para vivermos segundo Seus estatutos, basta que O busquemos e entreguemos nossa vida a Ele, e Ele prontamente nos dará a força necessária.

Tudo que o homem possa fazer sem Cristo, está poluído de egoísmo e pecado. É unicamente a graça de Cristo, pela fé, que nos pode tornar santos.

Ellen White em Caminho a Cristo

A obediência à Deus é para nosso próprio bem

Seguirmos a Deus não é uma renúncia a quem nós somos, na verdade, é uma renúncia a quem pensamos que somos, uma renuncia ao que nos tornamos por termos sido criados nesse mundo em rebelião, é um reencontro com quem nós somos de verdade, é uma volta à nossas raízes, uma harmonização com os estatutos morais pelos quais nós nascemos para viver.

Quando olhamos para as Leis de Deus, vemos nelas um guia para vivermos uma boa vida, não apenas espiritualmente falando, o que Deus pede para nós abrange até mesmo nosso bem estar físico e emocional. Ao nos afastarmos do plano de Deus para nossa vida, acabamos adotando padrões destrutivos, que causam dor a nós e as pessoas ao redor; Deus por seu infinito amor nos chama de volta, a vivermos o que ele planejou, para que não mais soframos com nossa má conduta.

A Lei e a Graça trás liberdade

Assim como Deus, mediante sua Graça, libertou o povo de Israel do Egito, da terra de escravidão, para que eles pudessem novamente viver segundo o padrão moral para o qual foram criados e assim serem um exemplo para todas as nações da Terra, o mesmo ocorre com conosco hoje. Vivemos escravos de nossas próprias paixões, vícios, orgulho, ambições; nós perdemos o controle de nossa vida, pois nossas decisões são tomadas em cima de nossos próprios vícios. Mas Deus está pronto a nos libertar, a remover as correntes que nos tem prendido e nos dar a liberdade para vivermos uma vida segundo nossa própria natureza moral, uma vida santificada.

Quais são os Egitos da sua vida? Quais as grandes libertações que Deus já fez por você? De quais “casas de servidão” o Senhor te libertou? O Egito de nossas vidas podem ser situações adversas, realidades das quais não conseguiríamos nos livrar sozinhos, pecados acariciados, orgulho, enfim, qual foi o Egito do qual Deus o libertou? Quão fácil é esquecer dessas libertações de Deus e pensar que sempre estivemos nesse estado de liberdade, estado esse conquistado pelo próprio Deus para que sejamos Seus filhos e filhas e que brilhemos Sua Luz.

Conclusão

Assim como à Israel, Deus tem nos chamado a voltarmos, a voltarmos a ser quem realmente nascemos para ser, a vivermos os padrões morais para o qual fomos criados e assim sermos filhos e filhas de Deus, a sermos participantes da natureza divina. Deus por meio de Sua Graça nos dará a força, nos resgatará dos Egitos da nossa vida. O que precisamos fazer é escolher se entregar, é permitir que Sua Graça seja viva em nossa vida, se fizermos isso, veremos a transformação acontecer, veremos os mares vermelhos de nossa vida serem abertos e os Egitos ficarem para trás, veremos a libertação e poderemos brilhar a Luz que vem de Deus para que mais pessoas possam também aceitar essa liberdade que vem por meio da Graça.

Que nação há tão grande?

Quando olhamos para Deuteronômio, vemos Deus lembrando o povo de seu cuidado e proteção, de como os tirou do Egito, como os sustentou no deserto, não deixando nem que suas roupas envelhecessem, mas além de lembrá-los das bençãos, vemos Deus também os alertando que não se esqueçam Quem fez tudo isso por eles, para que não se afastem dos estatutos que Ele havia dado.

O povo de Israel foi escolhido por Deus para ser luz, para levar Deus a outros povos, então, se Israel não se lembrasse de quem Deus foi para Eles, e não guardassem os mandamentos que Deus os deu, eles deixariam de ser luz e assim o mundo ficaria em completa trevas, perdido em confusão, talvez algo bem parecido com o mundo antes do dilúvio. Se Israel deixasse de ser luz, o mundo estaria sem esperança.

Quando olho para nossos dias enxergo a mesma situação, Deus constantemente cuidando de nós, nos guiando e guardando para que sejamos luz, para que através das bençãos de Deus em nossa vida outros possam também ver a Deus.

Cuidado de Deus com o Povo

Israel convivia diariamente com os milagres de Deus, diariamente eles recebiam o maná, em 40 anos no deserto a roupa deles não estragavam. Eles estavam no deserto, mas mesmo assim “nunca ficaram com os pés inchados” (o que indicaria desidratação e insolação).

Imagina, viver em meio a todos esses milagres diários, que benção seria, não? O ponto é que hoje em dia também vivemos diariamente milagres diários. Certo que não recebemos o maná do céu, ok, mas e a saúde, seja ela física ou mental, que nos permite trabalhar e assim conseguirmos nos sustentar? Mesmo aqueles que não trabalham, essas bençãos chegam a nós passando por aqueles que hoje nos têm sustentado. Deus continua cuidando de nós e operando milagres diários da mesma forma, o ponto é que nos acostumamos com a benção.

Cada momento de nossa vida temos sido participantes das bênçãos de sua graça, e por esta mesma razão não podemos compreender plenamente as profundezas da ignorância e miséria das quais fomos salvos.

Ellen White em Caminho a Cristo

Ou seja, as vezes justamente por sermos tão abençoados que deixamos de perceber essas bençãos.

É super importante se lembrar desse cuidado, pois em momentos difíceis iremos lembrar que Deus continua no controle e que Ele está atuando muito além do momento presente, o trabalho de Deus é para a eternidade.

Se desviar dos planos de Deus, traz consequências

No texto chave dessa semana, Deuteronômio 8, vemos Deus advertindo o povo a não se esquecerem Dele e nem se desviarem dos seus mandamentos, quando lemos isso tendemos muito a pensar como “retiradas” dos mandamentos de Deus, no sentido de deixar de fazer o que Deus mandou, mas quando lemos o início do capitulo 4, Deus deixa explícito que não devemos, além de não retirar, acrescentar nada a lei de Deus, pois os estatutos de Deus são perfeitos e imutáveis.

Muitas vezes tendemos a moldar a “deus” segundo nossas próprias vontades e paixões, fazendo coisas em “nome de Deus”, o problema de quando fazemos isso é que deixamos de seguir o Deus bíblico, único e verdadeiro, e começamos a seguir um deus criado por nós mesmo. Quando olhamos para história, vemos muitos desses deuses criados se passando pelo verdadeiro Deus, um exemplo mais marcante é o “deus” pelo qual o próprio Jesus foi morto.

Quando nos desviamos dos planos de Deus, deixamos de viver o ideal de Deus, e isso traz consequências, pois passamos a viver segundo nossas próprias vontades, que são falhas, cometemos erros que trazem dor para nós e para as pessoas ao redor. Imagine como seria se Israel tivesse sido a nação que Deus queria que eles fossem, se eles não tivessem se afastado dos estatutos de Deus e tivessem permitido Deus operar Seu plano neles. Extrapolando ainda mais, imagine se Adão e Eva não tivessem se rebelado, quanto sofrimento e dor teriam sido poupados?

Chamado para testemunhar

Deus guardou o povo de Israel, e os abençoou, pois tinha um plano para eles, de que fossem suas testemunhas, que levassem luz para o mundo, mas só seriam luz se guardassem os mandamentos de Deus, só assim haveria esperança para os outros povos.

Sua obediência à lei de Deus os tornaria uma maravilha de prosperidade ante as nações do mundo. Ele que lhes podia dar sabedoria e perícia em todo artifício, continuaria a ser seu mestre, e os enobreceria e elevaria pela obediência a Suas leis. Se fossem obedientes seriam preservados das enfermidades que afligiam outras nações, e abençoados com vigor intelectual. A glória de Deus, Sua majestade e poder deveriam ser revelados em toda a sua prosperidade. Deveriam ser um reino de sacerdotes e príncipes. Deus lhes proveu toda a possibilidade de se tornarem a maior nação da Terra.

Ellen White em Parábolas de Jesus

Quando olhamos para nossa vida, para as bençãos recebidas, precisamos perceber que isso foi nos dado por um propósito, precisamos ser luz, o mundo precisa de esperança e nós precisamos deixar nossa luz brilhar, precisamos salgar essa terra. É nosso dever como filhos e filhas de Deus viver esse amor para que outros também o possam viver.

Deus dará a força para vencer

Deus não nos dá uma tarefa impossível de ser feita, Deus nos chama para testemunhar, mas se coloca prontamente a nos dar a força necessária para vencer.

O que nós precisamos fazer é buscarmos essa força, através da oração, do estudo, da comunhão; estaremos aptos a vencer. Como diz 1 Coríntios 10:13, não seremos tentados naquilo que não podemos vencer.

O problema é que muitas vezes nós não queremos vencer, nós escolhemos proativamente sermos fracos. Bem lá no nosso intimo falamos “Vou parar de orar porque se eu continuar orando vou vencer essa tentação”. Nós escolhemos cair.

Mediante o conveniente exercício da vontade, pode operar-se em vossa vida uma mudança completa.

Ellen White em Caminho a Cristo

Deus nos dará a força, basta escolhermos, mediante nossa vontade, se render a Ele.

Ser luz é uma benção, mas também é um dever

O cuidado de Deus, o propósito de Deus em fazer Israel uma grande nação era para que eles fossem bençãos para todos os povos da terra.

Conosco é o mesmo, as bençãos de Deus não são apenas para nos engrandecer, mas para que sejamos bençãos.

Vivemos em um momento complicado da história, as pessoas estão confusas, hoje é difícil saber o que é certo e o que é errado, o que é justo e o que é injusto, o que é bom e o que não é. Se nós não brilharmos, as pessoas que estão ao nosso redor terão de passar a vida nessa escuridão, não conseguirão enxergar. Se não brilharmos, o mundo continuará a viver nas sombras, assim como no mito da caverna de Platão.

Devemos viver os preceitos de Deus para sermos luz

Só seremos luz se vivermos os preceitos de Deus, se vivermos sob a luz que Deus tem nos dados, se vivermos as bençãos que temos recebido.

Assim como Israel, se a igreja não viver os propósitos de Deus, perderemos nossa razão de ser. Se não vivermos a fé que professamos, não brilharemos, seremos sal, porém sem gosto.

Nós somos a igreja da promessa, a igreja da profecia, mas precisamos viver essa promessa, ou então, assim como Israel, deixaremos de viver o sonho que Deus sonhou para nós.

Conclusão

Em um mundo confuso como o nosso, Deus ainda assim tem nos guardado, nos abençoado, nos dado clareza e revelado seus propósitos em nossa vida; mas nós precisamos fazer nossa parte, precisamos brilhar, deixar a luz de Deus ser refletida em nós, precisamos compartilhar o que sabemos, precisamos viver o que sabemos, precisamos ser luz, individualmente, e também como igreja. Precisamos brilhar!